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Sidarta Ribeiro: Precisamos, como cientistas, nos colocar politicamente

Professor do Instituto do Cérebro da UFRN e integrante de grupo de pesquisa da Fiocruz, neurocientista diz que a ciência é solução para a crise atual, mas também parte do problema

Karine Rodrigues

30 abr/2025

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Envolvido em pesquisas que exigem análises em cortes frontais de cérebros de ratos, em busca de alterações em neurônios específicos, o olhar do biólogo e neurocientista brasiliense Sidarta Ribeiro, 54 anos, não se restringe aos microscópios. Ele segue produzindo ciência, mas especialmente após a pandemia de Covid-19, contribui para o desenvolvimento do conhecimento a partir de uma observação mais ampla, por meio da qual adiciona, à mirada molecular, a valorização de saberes ancestrais e uma percepção mais atenta ao que, só aparentemente, está fora das paredes do laboratório.

Convidado para dar a aula inaugural da Casa de Oswaldo (COC/Fiocruz), na próxima segunda-feira, dia 5 de maio, no campus da Fiocruz em Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro, o professor titular e um dos fundadores do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (ICe-UFRN) considera que, em tempos de negacionismo científico, com a disseminação global de informações contrárias à eficácia das vacinas e às alterações climáticas decorrentes da atividade humana, entre tantas outras, é necessário que cientistas, como ele, evidenciem o seu papel político.

“Não podemos continuar fingindo que está tudo bem e ficar cuidando só daquilo que a gente tem interesse mais imediato. Se não tivermos abertura para o que está acontecendo, para as pessoas que estão pedindo comida na rua, para a tentativa de golpe de estado, para a tentativa de financiar a ciência em nível planetário, não cumprimos nem a nossa função social e nem tampouco garantimos a continuidade das nossas próprias atividades”, avalia, em entrevista exclusiva. Para ele, a ciência é peça central tanto dos problemas como das soluções para o momento de crise que a humanidade enfrenta, marcado pela emergência de guerras e pelo ressurgimento dos regimes de extrema direita.